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sábado, 14 de fevereiro de 2009

"Não morro, entro na vida"

As sábias palavras de Santa Terezinha deveriam nos dizer algo. A nossa capacidade de deixar o outro partir ainda precisa de aprimoramentos, e esse aprimoramento parece durar toda a nossa existência. A morte ainda consegue nos deixar em choque, nos paralisar completamente até mesmo diante da palavra de conforto que precisa ser dita a alguém. Por quê as lágrimas parecem nos dizer tantas coisas tristes? e tantas vezes parece que disseram exatamente o que o outro gostaria de ouvir. Certa vez uma amiga disse que acreditava na amizade quando choravam juntos. Algo de sincero existe na lágrima que é capaz de dizer pro outro: "eu entendo" ou "sou tão frágil quanto você, você não está sozinho na sua fragilidade." É um emaranhado de coisas na mente humana que nos faz perceber o quão parecidos somos. A dor que dói em mim, fere da mesma forma em qualquer ser humano, o que difere são as formas de expressão dessa dor. Ora, entreguemos lágrimas e sorrisos ao sabor do Espírito de Deus, as nossas palavras perdem o 'verbo' diante da dor e do desespero, nada sabemos conjugar quando o outro vai embora. Também vai quando eu penso "se eu fosse embora?" parece que sofro mais em pensar no sofrimentos dos meus do que no meu próprio partir. Precisamos amadurecer e ter o anceio de entrar na vida, ao invés de pavor. Não vamos antecipar os processos, mas, vislumbrar uma vida futura, diferente da que temos aqui, numa dimensão espiritual, digamos que estamos no Pré-Vestibular e depois entraremos na faculdade, mas não tem fim, após as aulas vem a residência eterna, com Aquele que é o criador da eternidade.

Valquira Medeiros

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Presente de Jesus

Fazer uma experiência com Jesus Cristo é mais do que ir ao Seu encontro, é senti-Lo e deixar que Ele o toque. Estando nos braços de Jesus, somos capazes de ver o mundo com outros olhos. Ele nos remete a viver cada dia como uma dádiva, um presente que realmente é. Se nos atentarmos à etimologia da palavra, é isso que o ‘hoje’ significa.
Uma amiga tem um relacionamento bastante delicado, e a cada problema, a cada discussão ou atrito com o namorado que tanto ama e com o qual pretende casar-se, a sua primeira atitude é querer terminar este relacionamento. Mas, ao mesmo tempo que me diz isso com suas próprias palavras, ela também confidencia: “só quero que no final a gente fique junto.” Paremos de querer chegar ao final feliz. O final pode ser hoje e eu deixei de fazê-lo ser um final feliz, porque estava tão ao seu aguardo, que ele chegou e eu nem pude me dar conta. Não há final para quem crê na eternidade que o Pai nos preparou. Se eu rezo, se você reza o Credo, não pode mais tarde dizer que quer ter um final feliz. Mas, aí ela me fala “mas Valquiria, quanto tempo eu vou ter que esperar?” Partindo primeiro do princípio de que nós só temos o hoje, porque o ontem já se foi e o amanhã ainda não nasceu e eu não sei se vou vê-lo nascer, esta preocupação já não deveria existir. Mas, se ainda assim ela existe, partamos para o segundo princípio: a vida eterna que Deus nos prepara todos os dias, juntamente conosco, pois a nossa vida terrena é um preparar constante para nossa vida eterna, e claro, Deus está conosco nas nossas construções diárias, está nas minhas construções, está nas suas, porque está na sagrada escritura: “toda a obra do construtor será em vão se Deus não edificar a sua casa”. Você consegue mensurar o tamanho ou a duração da eternidade? Eu também não. Então, o que são alguns anos dentro da eternidade que teremos? O que são dois anos de construção diária, de amadurecimento, de preparação para a vida eterna? E se nós “encucamos” de passar este período de construção conquistando objetivos, não devemos exigir de Deus a Sua atenção total sobre estes nossos anseios, que podem não ser o desejo de dEle para sua vida. Um ano, dois anos que nós amadurecemos aqui na terra, não é quase nada comparado à eternidade que cremos ter.
Quando nós conhecemos o Cristo, quando nós tomamos posse da graça que Ele deseja e que Ele dá para nós, mesmo que não peçamos, os dias são longos, porque há muito há fazer e dará tempo para tudo. A tranqüilidade toma conta do nosso ser, a leveza do fardo de Jesus sobre nós nos dá a serenidade necessária para esperar que cada dia termine e para entendermos que para cada dia já existe seu bem e seu mal, que eu não preciso me preocupar com o amanhã, pois se Ele disse que Deus dá alimento até para as aves do céu, porque não daria aos seus filhos amados? Eu lhe pergunto, será que somos incrédulos e frágeis na fé, a ponto de ler a sua palavra, dizer “eu creio em Deus Pai, todo poderoso...” e ainda assim duvidar desse poder? Será que eu me curvo diante dele na celebração ou na adoração e quando estamos somente eu e Ele, você e Ele, no longínquo da nossa alma, eu me acovardo, eu não tenho forças para olhar para Jesus e dizer que O amo? Sim, somente você e Ele: Senhor eu O amo, és o único digno de toda honra e toda gloria, toma posse de mim, porque tudo é teu! Desprenda-se da vergonha de estar na presença de Deus. Ele te deu o primeiro sopro de vida, foi a Sua face que você contemplou antes de qualquer outra. Antes de ser Valquiria, antes de ser Maria, João, eu fui filha, filho, criatura do Senhor, do Criador.
Não tenha vergonha do pai, tenha sim, temor de Deus, não peque contra a castidade, não chame Seu Santo nome em vão, mas o chame sim, sempre que precisar, sempre que o presente não o satisfizer, peça à Ele a compreensão do hoje, para que você possa ser mais presente Nele no dia de amanhã.

Humildes como uma Poça D’água

“Põe tudo o que és no mínimo que fazes, nada teu exagera ou exclui. Assim, o lago reflete a lua toda porque alta vive.”

Fernando Pessoa

O mundo externo, várias culturas, brasis, Américas Latinas, Centrais e do Sul estão distantes de nós tanto quanto a lua, no entanto, voltando ao poema, fato que nós podemos observar e comprovar quando quisermos, é que um pequeno lago, não é um lago especial, pode até ser uma pequena poça de água da chuva, reflete toda a lua, mesmo que esteja cheia. Assim como o lago, pequeno o somos, mas talvez nos falte a humildade de uma pequena poça para sermos ao menos um reflexo da imensidão do mundo. Basta seguir as palavras do Mestre: sede humildes e mansos de coração.
Sentir-se pequeno não quer dizer menos importante, pois as maiores engrenagens, os maiores inventos da humanidade nada seriam sem os parafusos, as pequenas porcas e tantas pequenas peças. Sentir-se pequeno, nos abre um mundo cheio de possibilidades de crescimento, onde existe muito espaço para que possas preencher com suas ações, com seus projetos. Talvez devamos deixar o que é próprio de criança, disputar com as demais a atenção, por ser a maior, por ter um brinquedo que o colega não tem. Cultivemos os três princípios que I Coríntios nos dá: a fé, a esperança e o amor. O amor é citado como sendo, e é, o maior deles. Pois é dom de Deus, todos nós o possuímos, mas tantas vezes nos deparamos sem saber como fazer porque ele não tem manual de instruções, não se pode “baixar” um tutorial na internet. Mas Ele nos deixou escritos os seus principais mandamentos: amai a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a nós mesmos. Não são necessárias grandes explicações. Mas, como cita o Padre Fábio de Melo em uma de suas palestras, “estamos diante de uma sociedade que não se ama”, que quer se destruir pelo primeiro motivo que vem à sua mente.
Devemos ser humildes ainda enquanto criaturas de Deus, eu não tenho o
direito de destruir algo que alguém me presenteou. Você quebraria um presente que o seu pai ou a sua mãe lhe deu com muito carinho? Eu não quebraria. Não se quebre porque está chateado com alguma coisa, porque o seu relacionamento acabou ou porque discutiu com alguém da sua família. Talvez este não fosse o relacionamento que Deus preparou para você. Este homem ou esta mulher não traria a sua felicidade, a sua santidade. E na família, nos deparamos sim com as divergências, pois temos dificuldades em conviver com alguém que tem características muito parecidas com as nossas, com alguém que nos conhece até a alma e pode dizer que você está sentindo, muitas vezes algo que você não identificou ou não queria identificar. Por outro lado, existe o oposto muitas vezes dentro da nossa própria família. Você já ouviu aquele ditado que diz que nem os dedos das mãos que são irmãos, são iguais? Como podemos então sê-lo? Se não somos física, menos ainda seremos intelectualmente ou nos nossos temperamentos. Essas divergências, esses confrontos vão nos preparando para a vida que nos espera lá fora. Infelizmente o mundo não nos ama, não nos conhece e muitas vezes não nos aceita como somos e não está disposto a deixar passar as nossas atitudes erradas. Muitas vezes encontramos pessoas que dizem muito firmemente na empresa onde trabalha que não vai abaixar a sua cabeça, que ninguém grita com ele ou com ela, pois nem seu pai nem sua mãe fizeram isso. Este é um traço trazido pela infância de alguém que não conheceu a disciplina muitas vezes e agora não há mais tempo de ensinar a criança a obedecer para que o adulto leve esta característica para a sua vida em sociedade e em outros ambientes que exigem a presença dela. Não é bom que gritemos conosco, ninguém gosta disso, mas não é necessário que eu reaja gritando mais alto, porque não vai mais parar, perde-se o respeito de ambas as partes. Ninguém quer ser desrespeitado, desacreditado nas suas origens, na sua ética. Vemos pessoas completamente anti - éticas cobrando isso, e que podemos fazer, também é anti - ético dizermos muitas vezes essa verdade para alguém. Quem sabe, com a convivência dessa pessoa com a minha prática ética, ela não venha a perceber as falhas na sua postura. Uma pessoa adulta não ouve como uma criança os conselhos do adulto que é mais experiente, “sabe mais”, o adulto é auto - suficiente, ele muitas vezes não precisa da sua ajuda, talvez até mais jovem que ele.
Por isso a importância da humildade, somente uma pessoa adulta com o conhecimento desse dom, consegue permitir a opinião do outro nas suas práticas, consegue ouvir sem se revoltar que errou numa atitude, ou que precise melhorar suas posturas. E é preciso ser manso para não saltar com quatro pedras na mão sobre o que tentar se aproximar.
Na minha adolescência, fui impaciente, intolerante, e muitas vezes magoei quem amava, meus próprios irmãos dentro de casa. Sei disso, percebia a dor que me envolvia assim que dava uma resposta grosseira, ou não dava resposta alguma. Mas, eu não me dava conta naquele dia, ou naqueles meses que aquilo era uma dor de ter ofendido alguém. Aquela dor era interpretada como raiva da pessoa que magoei e por muito tempo foi assim, porque era próprio da fase que estava vivendo, da sobrecarga hormonal, da recente mudança de cidade, da perda do meu pai, e de uma série de fatores, digamos periódicos. Há quem diga em muitos casos que a pessoa “sempre foi assim”, “o pai e mãe nunca souberam educar”, dentre outras coisas que os pais têm que escutar e enfrentar ao ouvir por terceiros. Mas, em muitos casos é diferente. O meu, por exemplo. Sempre fui uma criança doce, amável, dengosa por ser a caçula, mal consigo ainda hoje levantar a minha voz e fazer valer a minha vontade, talvez os caçulas levem isso consigo, “somos os menores”, “ninguém vai nos ouvir”, mas estamos trabalhando isso, eu e o Pai do Céu. Citei a adolescência, porque sei que todos nós temos dificuldades nos relacionamentos com os ‘viventes’ desta fase tão importante da construção da personalidade humana. Assim como a infância, que não é única para todas as pessoas, também a adolescência não o é. Então não usemos frases como “eu já fui adolescente e nunca me comportei assim” ou expressões que se tornaram populares dentro desse tema. Cada um tem um tempo próprio para desabafar, para se sentir livre expressivamente ou fisicamente ou ainda espiritualmente, quando muitas vezes o adolescente ou pré-adolescente se revolta contra a cultura na qual está inserido, na religião, até mesmo na família. É na adolescência que se expressam muitas vezes as frustrações da infância, os medos, através do enfrentamento descompassado destes, dos complexos, da opressão sentida muitas vezes ou da super-proteção dos pais ou irmãos mais velhos.
Vem na adolescência, uma chance muito grande de se “consertar” os erros cometidos na infância, se houver uma maturidade no acompanhamento destas mudanças tão bruscas do comportamento humano. Os pais devem estar preparados para tolerar o que não precisaram tolerar na infância, pois com a ameaça de castigo, muitas vezes impediram as pequenas travessuras que faziam parte da construção, da experiência dos erros para se construir os acertos (Pe. Fábio de Melo, CD Vida). Nesta fase, para o adolescente, todos querem lhe podar, lhe frear e esta não é a melhor hora para interferir nos conceitos.

Um Ótimo Motivo para Viver




Não é necessário ter grandes problemas para um ser humano perder o seu desejo de prosseguir, de acordar de manhã, de viver... é exatamente este “não ter” que abre espaço para problemas deste século como estresse e depressão. Ou simplesmente um vazio de ser e estar. Esse vazio subjetivo abre espaço para influencias externas, se estas forem positivas, se o meio onde estamos inseridos for um meio de luz, se pudermos contar com pessoas que nos ponham em contato com Deus, “a semente germinará e dará fruto”, mas, se for o contrário, passando o tempo, vai ficar cada vez mais difícil de semear sobre este “solo” que é citado na Parábola do Semeador.
O poder da palavra de Deus para quem a conhece, tem o dom de inspirar, imperar, revelar um modo de viver e ver as coisas como ninguém jamais pensou antes. Permitir que Ele seja o intermédio vivo das nossas ações, põe no nosso caminho, acontecimentos inusitados para testar a nossa confiança e reação enquanto filhos do Deus do impossível.
Não é fácil resgatar alguém que entrou na ausência de Deus ao invés de entrar na Sua presença. Não tenho a intimidade de contar segredos a alguém que não conheço, que nunca vi. Então é natural que cada um precise de tempo para conhecer a Deus a ponto de confiar nEle. Para nós pode parecer estranha a essa relação, mas na prática, é assim que acontece.
E é justamente na sua porta que vai bater alguém que não consegue compreender a Deus, Ele vai enviá-lo por dois motivos: primeiro: esta pessoa precisa de alguém que o evangelize, que semeie esta necessidade humana, segundo: você precisa se constituir pessoa de Deus, precisa exercitar o seu dom do Espírito Santo. Tudo aquilo que aprendemos e exercitamos, perdemos a prática, vamos nos tornando não tão bons quanto éramos no princípio. Não nos revoltemos quando coisas inesperadas nos acontecem, pois elas apenas acontecem porque teremos a palavra certa para dizer, o conselho adequado ou o ombro confortável para quem precisa chorar.
Ter uma postura extremamente conservadora (e imperfeita e pecadora, falo do meu caso.), nos impede muitas vezes de saber ouvir com clareza o desabafo de quem não pertence ao mesmo mundo que nós. Saber usar a palavra certa para não magoar um amigo ou para não podá-lo sem causas justas é uma situação difícil na qual nos metemos muitas vezes. A faculdade de Pedagogia me ajudou bastante nesse processo de aceitação do diferente, de quebra de preconceitos, não quer dizer que comecei a aceitar o que era errado porque me apropriei de novos conceitos, mas ao menos a não deixar “cair o queixo” diante de situações às vezes bizarras. Foi a faculdade também que me ensinou que não é imprescindível descrer de Deus para entrar no mundo científico, mesmo conhecendo muitos órfãos (do Pai do céu) por opção neste mundo da Ciência, mesmo em se tratando de Ciência da Educação.
Vinda de uma família conservadora e com princípios arcaicos e rigorosos, me deparo com coisas com as quais jamais imaginaria me deparar. É nessa hora que deixo que Deus intervenha e fale por mim, porque a minha humanidade falha não me permite ser coerente muitas vezes. Mas, a partir do momento que eu estabeleço laços com Deus, ele não permite que eu aja de forma egoísta ou individualista. Esta é inclusive uma das dificuldades que estou tendo ao escrever este livro, tenho que recorrer ao Seu Espírito para que faça-me escrever de acordo com Sua vontade, com seu amor ao humano, não com as minhas falhas tão perceptíveis para Ele.
Peço a orientação e a sabedoria divinas para lidar com um dia e o outro em seguida, não me atrevo a pedir por muitas realizações, já somo tanto que não tenho o direito de mensurar grandes construções, não materiais, não por mim mesma.